França: Vitória Macron-Le Pen deixa antever nova era política

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PARIS (DJ Bolsa)– O candidato centrista Emmanuel Macron e a líder de extrema-direita Marine Le Pen lideraram a primeira volta das eleições presidenciais de França, numa altura em que os eleitores redesenham o mapa político, colocando a União Europeia no centro do debate.

Macron ganhou a primeira volta com 23,9% dos votos, de acordo com a contagem de 96% do total de votos, ficando à frente de Le Pen, com 21,4%.

A votação marca uma surpreendente rejeição das principais forças políticas de França. Durante mais de quatro décadas, um duopólio de conservadores e socialistas alternaram no Palácio do Eliseu, afastando partidos de franja e independentes.

No domingo, a UE e as suas exigências em termos de comércio livre e fronteiras abertas tornaram-se a linha divisória da nova ordem política. Por um lado, Macron, antigo banqueiro de investimento que quer uma maior integração europeia. Do outro, Le Pen, uma forte oponente da UE e da sua moeda única.

“Têm uma alternativa, que é real”, disse Le Pen domingo. “A principal questão nesta eleição é uma globalização sem controlo, que está a pôr a nossa civilização em perigo”.

Macron disse que quer tornar-se o detentor de uma maioria governativa que possa relançar a UE.

“Quero ser o Presidente dos patriotas contra a ameaça de todos os nacionalistas”, disse no seu discurso de vitória.

As sondagens publicadas domingo indicam que Macron conseguirá derrotar facilmente Le Pen num frente-a-frente, até porque os apoiantes dos candidatos derrotados o apoiam para a segunda volta. A segunda volta das eleições está agendada para 7 de maio.

A vitória de Macron este domingo pode restaurar a calma nos mercados de dívida soberana. Os mercados têm exigido um prémio para financiar França antes da votação e devido a receios de que a permanência do país na UE estivesse em perigo.

François Fillon, o candidato conservador dos Les Républicains, ficou em terceiro lugar, com 19,9% dos votos. Fillon disse que apoiará Macron: “Não tenho outra escolha senão votar contra a extrema-direita”.

O colapso do Partido Socialista foi amplificado pelo quarto lugar conseguido por Jena-Luc Mélenchon, que obteve 19,5% dos votos.

“Esta falha é uma ferida profunda”, disse Benoît Hamon, o candidato do PS, que arrecadou apenas 6,2% dos votos e ficou em quinto lugar. Hamon também pediu aos seus apoiantes que votem Macron, dizendo que Le Pen é uma “inimiga da República”.

Mélenchon recusou apoiar qualquer um dos candidatos e disse que será a sua base de apoiantes a determinar quem apoiar.

– Por William Horobin (William.Horobin@wsj.com), Stacy Meichtry (stacy.meichtry@wsj.com)

– Joshua Robinson, Nick Kostov, Matthew Dalton, Noémie Bisserbe e Sam Schechner contribuíram para este artigo.

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