Portugal: FMI sobe previsões crescimento, mas alerta para fragilidade banca

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LISBOA (DJ Bolsa/Webtexto)– O Fundo Monetário Internacional subiu esta quinta-feira as projeções de crescimento de Portugal, mostrando otimismo para a evolução da economia a curto prazo, mas voltou a pedir consolidação orçamental e manteve os alertas sobre a fragilidade do setor bancário do país.

Na quinta avaliação de monitorização pós-programa, o fundo reviu em alta as projeções de crescimento para 2016 e 2017, perspetivando uma expansão de 1,3% do PIB este ano e no próximo. Em outubro, o FMI acreditava que o país crescesse apenas 1% em 2016 e 1,1% em 2017.

O FMI diz que “as perspetivas de Portugal a curto prazo melhoraram” devido à “aceleração das exportações” verificada no terceiro trimestre de 2016. As exportações foram o grande motor do surpreendente crescimento de 1,6% registado pelo país no terceiro trimestre.

No que diz respeito ao deficit, o FMI também mostra também algum otimismo, sobretudo depois de aprovado o Orçamento do Estado para 2017. O fundo projeta agora um deficit de 2,6% do PIB este ano, face a 3,0% na projeção anterior. O governo português acredita que vai fechar o ano de 2016 com um deficit de 2,4%.

Para o próximo ano, já com o orçamento em vigor, o FMI aposta mesmo numa redução de nove pontos percentuais do deficit para 2,1%. Em setembro, o FMI apontava para um deficit de 3,0% em 2017. O executivo de António Costa aponta para os 1,6%.

Menos animador é o cenário a médio prazo. Para o fundo, o ritmo de crescimento não deve ultrapassar os 1,2%, devido aos entraves estruturais que persistem, onde se incluem o elevado endividamento público e privado.

A fragilidade do setor bancário, um dos principais problemas do país nos últimos anos, voltou a ser mencionada pelo FMI como um risco. O FMI pede mesmo “esforços ambiciosos” ao governo português para “melhorar a resiliência do setor”. Reforça também a mensagem que tinha deixado em setembro: é necessário manter “a consolidação orçamental” para reduzir a vulnerabilidade a potenciais choques.

“Os bancos portugueses continuam líquidos”, diz o fundo, mas “as medidas de controlo de custos não compensaram a queda da rendibilidade devido às margens financeiras mais baixas e à fraca qualidade de ativos”. O FMI alerta também que as “provisões continuam a ser insuficientes para cobrir totalmente o crédito malparado”.

Ainda assim, o fundo considera que os bancos portugueses continuam a reduzir a exposição aos ativos ponderados pelo risco, perante um “ambiente operacional difícil”. Além disso, a conclusão do processo de venda do Novo Banco e as recapitalizações de algumas instituições, como o caso da CGD, são vistos com bons olhos pelo fundo, que acredita que estes eventos “vão reforçar a estabilidade financeira e melhorar o ambiente operacional de todos os bancos”.

– Por Gonçalo Saraiva Amaro (goncalo.amaro@webtexto.pt)

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