Cinco aspetos a reter da conferência de imprensa de Draghi

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(DJ Bolsa)– O Banco Central Europeu fez a primeira grande alteração à orientação do rumo das taxas de juro em vários meses esta quinta-feira, abandonando a tendência de taxas de juro mais baixas. Esta alteração não surpreendeu dada a aceleração do crescimento da Zona Euro desde o início do ano. Na conferência de imprensa, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, deixou claro que esta alteração não se trata do início de uma redução dos estímulos concedidos pelo banco central, destacando que as alterações no mercado de trabalho estão a limitar os salários, o que faz com que a inflação não se dirija para a meta do banco central de pouco menos de 2%, e que se mantém de forma sustentada. Aqui ficam cinco aspetos a reter:

1. Orientação future. Antes de Draghi falar, o BCE divulgou o comunicado de política monetária em que disse que as taxas de juro “permanecerão nos níveis atuais por um período de tempo prolongado”, deixando cair a referência a possibilidade de serem cortadas. Contudo, manteve a referência ao aumento do programa de compra de obrigações, tanto em termos de montante como de duração, caso as condições se deteriorem. Draghi disse que os responsáveis do BCE reduziram “parte da tendência de alívio” porque grande parte do risco de deflação desapareceu.
2. Previsões. Draghi apresentou uma avaliação mais otimista sobre as perspetivas de crescimento da Zona Euro. Os economistas do BCE reviram em alta as previsões para o produto interno bruto e esperam agora um crescimento de 1,9% em 2017, 1,8% em 2018 e 1,7% em 2019. Em qualquer um dos casos trata-se de uma revisão em alta de um décimo de ponto percentual face às estimativas de março. Contudo, as projeções para a inflação foram revistas em baixa. Os economistas do banco central cortaram a perspetiva de inflação este ano para 1,5%, contra 1,7% e a perspetiva para 2018 foi reduzida para 1,3% vs 1,6%.
3. Mercado de trabalho. Draghi explicou que uma das razões pela qual o crescimento não se está a traduzir numa aceleração da inflação é uma alteração no mercado de trabalho. O presidente do BCE voltou a reclamar algum mérito pelo facto de terem sido criados cinco milhões de empregos nos últimos anos, mas descreveu-os como de pior qualidade do que se verificava antes da crise. “Muitos destes novos empregos são chamados de baixa qualidade”, disse. “Falamos de emprego temporário, emprego a tempo parcial.”
4. A discussão. Draghi disse que houve consenso entre os 25 elementos do conselho de governadores em relação à alteração da orientação futura das taxas de juro, mas acrescentou que não foram discutidas formas de reduzir os estímulos ou o timing para o fazer. “Não houve discussão sobre a normalização [da política monetária]”, disse Draghi.

5. A reação. O euro caiu em relação ao dólar, após o BCE ter revisto em baixa as expectativas de inflação e Draghi ter deixado claro que qualquer alteração à política monetária está algo distante.

-Por Paul Hannon (paul.hannon@wsj.com)

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