LISBOA (DJ Bolsa/Webtexto)– O Orçamento do Estado para 2023 apresentado pelo governo português aponta para um abrandamento do crescimento económico no próximo, devido à desaceleração do consumo privado e ao fraco crescimento das exportações.
O crescimento do produto interno bruto de Portugal deve ascender a 6,5% este ano, mas abrandar acentuadamente no próximo para 1,3%, segundo as projeções inscritas no documento divulgado esta segunda-feira. No relatório do Orçamento do Estado de 2022, apresentado já em abril deste ano, o executivo apontava a um crescimento de 4,9% em 2022, ainda impactado pelas consequências da pandemia.
O executivo traça um cenário menos otimista do que o do Banco de Portugal, que revelou nas projeções de outubro que a economia portuguesa deve crescer 6,7% em 2022. Já nas projeções para 2023, indicadas no Boletim Económico de junho, o Banco de Portugal previa um crescimento de 2,6%.
A proposta de orçamento mantém a meta de um deficit de 1,9% do PIB para 2022 e espera um deficit de 0,9% do PIB em 2023. O rácio da dívida pública deve atingir os 115% do PIB em 2022 e prevê-se uma redução para 110,8% em 2023, o que será o nível mais baixo do rácio desde 2010.
As exportações devem desacelerar para 3,7% em 2023, face a 18,1% em 2022, sendo superadas por um crescimento de 4% das importações. Em 2022, a estimativa aponta para um crescimento de 12% das importações.
É projetado que o consumo privado desça para 0,7% em 2023, o que é uma descida significativa em comparação com a estimativa de 5,4% em 2022.
No que diz respeito à inflação, as projeções apontam para uma taxa de 4% em 2023, face 3,7% no orçamento anterior. Para 2022, o documento aponta para uma inflação, de acordo com os padrões harmonizados europeus, de 7,4%. O abrandamento da inflação em 2023 face a 2022 resultará de “uma amenização dos fatores externos subjacentes às pressões inflacionistas, de uma contenção das pressões internas e da inversão da política monetária”, refere o documento.
A taxa de desemprego deve estabilizar em 2023 face a 2022, com o executivo a apontar para uma leitura de 5,6% para ambos os anos.
-Por Alexandra Martins Silva (alexandra.silva@webtexto.pt)
-Gonçalo Saraiva Amaro, da Webtexto, contribuiu para este artigo.